Em 1759, um
grupo de mercadores de Lisboa, do Porto e do Pernambuco solicitam autorização à Coroa para
estabelecer a “Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba”. Entre vários nomes
encontramos Policarpo José Machado.
Era ele filho de António Francisco Machado e de
Valentina Franco da Mota, que terá nascido em Lisboa por volta de 1720. Casou
em 1765 com Maria Luísa Albertoni, uma jovem que devia o seu "estranho" apelido a
alguma costela italiana, sendo que a única pista da sua origem estrangeira” é a do avô materno Giovanni Francesco Jori, que aporteguesou o nome para João Jorge
casado com Caterina Hebert. Consta que Giovanni nasceu e foi baptizado em Santa
Maria da cidade de Horta (Novara, Milão).
A dita Companhia
Geral do Pernambuco e Paraíba foi constituída com capitais próprios, sem
participação da Fazenda real:
<Podia
fabricar naus mercantis e de guerra nos estaleiros do Reino; cortar madeiras no
distrito do Porto, em Alcácer do Sal e noutras matas, levantar gente de mar e
de guerra para as guarnições a manter no Reino, nas Ilhas e nas capitais de
Pernambuco e da Paraíba. Os seus navios só podiam ser recrutados para o serviço
régio em caso de perigo na costa, barras e portos do Reino>.
Este Policarpo
José Machado é nos anos de 1770 um abastado comerciante da praça de Lisboa,
contratador geral de Tabaco. Em 1780 é também contratador das saboarias do
Reino e Ultramar, juntamente com outros nomes como Anselmo José da Cruz, Luís
Rodrigues Caldas e Geraldo Venceslau de Almeida Castelo Branco. A “licença” de exploração destas saboarias, por
um período de 3 anos, custava 40 contos de réis pagos a fazenda real.
Terá sido destes conhecimentos e amizades dos negócios, que Policarpo José Machado casa o seu
filho António Francisco Machado com a filha de Luís Rodrigues Caldas, D. Ana
Maria Cleofa Pereira Caldas. Aliás, deve ter começado por aqui a longa tradição
de casamentos entre primos.
(fonte ; geneall, páginas familiares)
Era D. Ana Maria
Cleofa Pereira Caldas prima direita de Luís Pereira Velho Moscoso ( dos Pereiras
Velhos de Moscoso, Senhores da Casa da Varjoeira junto a Monção), quem mandou
edificar o palácio da Brejoeira, e que
casou com a irmã de D. Ana Maria, a D. Luísa Maria Cleofa Pereia Caldas.
(Palácio da Brejoeira, fonte : Wikipédia)
<Cerca de
1806, Luís Pereira Velho de Moscoso deu início à construção do Palácio da
Brejoeira, na freguesia de São Cipriano de Pinheiros. Com um custo total de
400.000.000 de réis, então um valor elevadíssimo, esta construção só foi
possível por os antepassados do seu fundador terem conseguido no comércio uma
grande fortuna. >
Na geração
seguinte, novamente uma série de casamentos entre os mesmos suspeitos. Parece
ser clara a estratégia de manter na família, e se possível concentrar, o património.
Policarpo José Machado, o neto, foi feito Visconde de Benagazil por D. Maria II
em 1846, comerciante abastado de Lisboa, torna a casar com uma sua prima
Pereira Caldas. O mesmo virá a suceder ao seu filho, também Policarpo José
Machado (bisneto) que casa com uma prima, fruto também de uniões consanguíneas de
apelidos Pereira Caldas Machado.
Parece pois não
haver dúvida que a dispersão do património foi evitada e contrariada.
(Palácio do Caldas, fonte : CML)
Desta preocupação,
ou casamento de Policarpo José Machado e D. Joana Francisca Rita Pereira Caldas
Machado, nasceram 6 filhos, todos no Palácio do Caldas, que era pertença do avô
materno António Pereira Caldas. Foram eles:
António Caldas
Machado; Policarpo José Caldas Machado; Maria Assunção Caldas Machado; Joana
Francisca Caldas Machado; Catarina Caldas Machado; Maria Madalena Caldas
Machado.
Foram estes os
últimos moradores do Palácio do Caldas, o do largo do mesmo nome ou melhor,
actualmente Largo Adelino Amaro da Costa, Lisboa. Podia-se esperar encontrar a história destes irmãos, ou pelo menos do Palácio na net, mas curiosamente
não há praticamente entradas para estes nomes. E porquê? Se por exemplo o
aeroporto da Portela está implantado numa das suas quintas. Ou o Palácio dos
Coruchéus em Lisboa também lhes pertencia. Não haverá um bloguista que ao
tratar algum destes temas, tropece no nome deles? Será que estes irmãos não
foram deliberadamente apagados, ou esquecidos com muito fervor?
(continua)
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